MARINA SILVA

28 de junho de 2010

Internet é alternativa para pouco tempo de televisão

Com pouco tempo disponível para a campanha na televisão, a candidata do PV, Marina Silva, conta com a internet para conquistar seus potenciais eleitores. A importância que este meio terá na trajetória da candidata é tanta que justifica a contratação de peso feita pelo partido: quem está à frente da campanha digital de Marina é o jornalista e consultor de novas mídias Caio Túlio Costa, cuja carreira foi marcada pelas inovações no setor de tecnologia. Na década de 80, ele foi um dos responsáveis pela informatização do jornal "Folha de S. Paulo". Alguns anos depois, em 1995, trabalhou na criação do Universo Online, o UOL, onde atuou como diretor-geral até 2002. Quatro anos depois, assumiu a presidência do Internet Group, que reunia os portais iG, iBest e BrTurbo.

- Minha relação com a internet vem de muito tempo, desde a época em que informatizei a redação da "Folha". Já usava conexões online desde 1989, com a Ciranda (o Projeto Ciranda, da Embratel, que foi o precursor da internet no Brasil) - conta o jornalista.

E Marina Silva nem precisou ir atrás dele. Sem qualquer experiência prévia nos bastidores de uma campanha eleitoral, Caio Túlio Costa resolveu oferecer seus serviços ao Partido Verde por ideologia e por considerar a candidata uma exceção no ambiente político definido por ele como "tradicional":

- Eu não trabalho para políticos, nunca fiz campanha e nem vou trabalhar dentro de uma política tradicional. Me interessei, neste caso, porque é a Marina Silva e porque ela defende uma causa que reúne preocupações em relação a sustentabilidade. Procurei a coordenação da campanha e ofereci o meu trabalho.

Durante o período de pré-campanha, que termina na próxima semana, a candidata começou a construir seu perfil online. A equipe de nove pessoas que trabalha com Caio Túlio é responsável por parte do conteúdo e pelo monitoramento do site de Marina, além de sua comunidade no Orkut, suas páginas no Facebook, no YouTube e seus álbuns de fotos no Flickr. Eles ainda ficam de olho na participação espontânea dos eleitores: no Orkut, uma busca simples revela centenas de comunidades criadas em apoio à candidata, a maior delas com cerca de 15 mil participantes.

- Acho que a internet vai ter, nesta eleição, um papel mais importante do que teve até agora, por causa das regras menos rígidas do TSE. Mas acho difícil que esse papel seja decisivo. O Brasil tem quase 70 milhões de brasileiros conectados, e o contingente eleitoral é muito maior que isso. De qualquer forma, a gente vai utilizar a internet com uma série de objetivos. Queremos, principalmente, falar com os jovens e essas pessoas que estão conectadas, já que teremos pouco tempo na televisão - explica.

Ele acredita ainda que a rede pode ser uma plataforma para angariar colaboradores e até doações. No site, a sessão "colabore com a Marina Silva" ensina como os voluntários podem compartilhar as informações da candidata nas redes sociais:

- A gente pode usar a internet para aglutinar. Queremos levar a voz da Marina e seu programa de governo às pessoas sempre de uma forma colaborativa, buscando voluntários, participantes e, quem sabe, até recursos.

Marina Silva, ele garante, participa ativamente de todo o processo. Segundo Caio Túlio, ela escreve todos os posts de seu blog, os tweets de sua conta pessoal (@silva_marina) e não permite que ninguém escreva em seu nome. A prática tem permitido uma proximidade antes impensável entre eleitores e candidatos, além de revelar gostos e opiniões prosaicas - e por vezes até engraçadas - dos presidenciáveis.

Mas nem tudo são flores, e a pouca intimidade com as redes sociais já provocou gafes. Marina se envolveu numa polêmica no Twitter no último dia 18, quando retuitou opiniões controversas sobre o escritor José Saramago. Na verdade, a candidata pretendia responder, discordando das tais opiniões. Mas, poucos minutos depois, já havia sido execrada pelos fãs do escritor português, falecido naquele mesmo dia. Essa superexposição e até a certa vulnerabilidade que a internet traz consigo não preocupam Caio Túlio. - Isso faz parte da rede, que é um ambiente vivo, dinâmico, e eu te diria que quase incontrolável - ri o coordenador. - Vamos ter que aprender a lidar com isso.

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